A novela de Daniel Alves não era tão vista como a de Neymar nesta janela de transferências, mas já estava igualmente longa. Eis que chegamos no fim e com um resultado surpreendente: Daniel Alves é do São Paulo.
Falar só que é uma boa contratação é insuficiente, já que é vários aspectos que precisamos considerar além da qualidade técnica superior do veterano no pobre Campeonato Brasileiro. Vamos então explorar tudo isso para entender o que significa a contratação.
O São Paulo tem seu líder em campo
Hernanes é um líder e uma referência técnica, mas ele claramente está um passo atrás (ou três) de seus melhores momentos e a questão física anda pegando. Alexandre Pato não é um líder. Ponto. Daniel Alves ainda terá lenha para queimar no Brasil e pode ser um capitão, assim como é na seleção.
O São Paulo não tinha essa figura desde Rogério Ceni e o próprio goleiro nos últimos anos esticou demais sua carreira em detrimento de sua qualidade técnica. É por isso também que o São Paulo se comprometeu a pagar um caminhão de dinheiro por mês para o jogador de 36 anos: não ter esse personagem e ser apático é uma das críticas que a torcida faz ao time há anos.
Ele é uma referência técnica
Eu não sou o maior fã de Daniel Alves. Muito pelo contrário. Nunca gostei de seu futebol, até acho que ele pode ser produtivo ofensivamente, mas ele é um problema defensivamente. E com 36 anos, sua velocidade (uma de suas marcas) e bom condicionamento só tendem a cair.
Dito tudo isso, é claro que ele já chega como o melhor lateral direito do Brasil, não à toa ainda está na seleção brasileira e a ideia dele disputar uma Copa aos 39 anos é um plano real. Sua lista de títulos é inquestionável também.
O interessante de sua carreira atualmente é que no Brasil, quando bons laterais voltam com certa idade, eles começam a jogar no meio. Junior no Flamengo é um dos casos mais clássicos. Daniel já faz isso até na seleção, atuando como um armador pelo lado sem precisar ser oficialmente um meio-campista.
Se Cuca tiver criatividade ele poderá explorar a qualidade de Daniel Alves do meio para a frente sem perdê-lo na lateral. Mas é importante criar uma estrutura defensiva para isso acontecer sem gerar um rombo atrás.
Ele faz o patamar do São Paulo ser mais alto?
Essa é a dúvida. Neste momento o Tricolor Paulista é o quinto colocado na tabela, com 21 pontos, seis atrás do segundo Palmeiras, oito atrás do líder Santos. Para a Betfair, ele é o “quarto favorito” a vencer o Campeonato Brasileiro, pagando 18 para 1, mesma coisa do Corinthians.
Palmeiras (2,25 para 1), Santos (3,5 para 1) e Flamengo (5,5 para 1) estão à frente.
A questão do elenco não ser tão profundo e ainda existirem muitos pontos de interrogação – Pato pode ser decisivo constantemente, Hernanes estará 100% em algum momento, os garotos estão prontos? – são problemas sérios. Difícil acreditar que o Daniel Alves aos 36 anos seja a solução para tudo.
É um compromisso muito pesado
Não foram revelados os valores oficialmente, mas especula-se que entre luvas, comissões e salários o montante supere 1,5 milhão por mês, tornando Daniel Alves o maior salário do Brasil.
O contrato até 2022 já denuncia que o interesse é fazer Daniel Alves chegar até a Copa. O problema é que três anos para quem tem 36, mesmo um lateral que sempre se cuidou e está em forma. Só lembrar de Roberto Carlos, que chegou voando e aos poucos foi caindo no Corinthians até ter um fim de carreira escondido.
O risco é enorme e o São Paulo não está tão sanado financeiramente como o Palmeiras ou Flamengo. A ideia é investir na imagem de Daniel Alves como são-paulino convicto que sempre foi e torcer para ele continuar 100% fisicamente. E mesmo assim o preço pago é alto.
O que você achou dessa contratação?
