A saída de Jorge Sampaoli do Santos era algo que estava claro no final de 2019 e logo se confirmou. O torcedor santista imaginava que ele iria para o Flamengo caso Jorge Jesus saísse ou para o Palmeiras. No fim Jesus não saiu e o Palmeiras não quis se curvar ao argentino. Quando se falou no Atlético-MG, aquilo não fazia sentido nenhum.
Sim, Jorge Sampaoli no Galo até podia rolar no sentido financeiro do clube fazer um esforço para pagar seu salário milionário. Mas o elenco era abaixo da média e se o Santos vice-campeão precisava se reforçar para o treinador, o do Galo precisava de uma reconstrução pedra por pedra.
Pois bem, no começo do ano, com o Atlético-MG se preparando para quatro competições em 2020, não deu certo. O time optou por Rafael Dudamel, bem mais barato. Não deu certo, como sabemos. E agora fora de duas competições, uma delas que poderia encher os cofres atleticanos, Sampaoli no Galo é uma realidade. Que por%$%¨& aconteceu?
O Galo precisava disso
Depois do completo vexame que foi o mês de fevereiro, nada amansaria o torcedor além da manchete “Jorge Sampaoli no Galo”. O Atlético-MG tinha tudo para ter um 2020 marcante, já que poderia zoar o Cruzeiro por 12 meses (ou até mais) e rejuvenescer seu elenco.
Até agora só tivemos semanas perdidas. A equipe saiu de duas competições que poderia disputar e ganhar um bom dinheiro. Agora resta um Campeonato Mineiro que a equipe tem obrigação de vencer (e se não vencer será uma zoação imensa) e um Campeonato Brasileiro que parece ter dono já.
E se esse dono cair de um penhasco, há uns quatro times mais candidatos. As odds de campeão ainda não abriram na Betfair, mas é fácil imaginar o Flamengo como favorito, Palmeiras, São Paulo e Grêmio um patamar abaixo e aí um grupo com Inter, Corinthians, Santos e agora o Atlético-MG.
Além disso tudo que falamos o presidente do Galo, Sergio Sette Câmara não é dos presidentes mais queridos do país.
Sabe quem sabia de todos esses fatores?
Jorge Sampaoli foi cirúrgico
A pressão sobre ele é ainda menor que em 2019, quando ele chegou no Santos. Ele tem seu nome, chega em um elenco destruído por eliminações e ele tem carta branca e até uma desculpa pronta.
Se ele começasse em janeiro e fosse eliminado pelo Afogados, seria um tiro de bazuca no seu currículo. Agora se ele pega esse time e faz uma campanha boa no Brasileiro, ganha mais uma estrelinha.
E como sabia que o Galo estava sangrando e Sette Câmara desesperado, fez todas as exigências do mundo. O contrato é de dois anos, mas se ele for demitido, o Galo terá que pagar um valor fixo que chega a cinco anos de contrato, segundo o GloboEsporte. Ele vai chegar com sua equipe e vai pressionar para ter reforços a todo momento. Até porque o Atlético-MG precisa de muitos deles.
Dito tudo isso, é estranho que Sampaoli tenha pego o Galo por uma questão de poder e dinheiro. Com todo respeito à instituição, que é desrespeitada pelo trabalho da diretoria atual, não estamos falando de uma máquina de fazer dinheiro. E “dinheiro de investidores” com a atual estrutura jurídica do futebol brasileiro já se provou que sempre volta sendo cobrado com juros e correção monetária.
O trabalho aqui é de longo prazo porque dos titulares atuais do Atlético-MG é difícil dizer quem deveria até estar no elenco. O time atual é pior que o time que Sampaoli tinha em Santos no segundo semestre e foi vice-campeão brasileiro. Com Tardelli e os outros reforços, pode melhorar, mas precisa de jogadores verdadeiramente acima da média. Sampaoli vai extrair até a última gota e melhorar todos que quiserem ser melhorados. Veremos se Cazares, por exemplo, quer.
Se apresentarem um plano de três anos, com o primeiro sendo de reestruturação e quem sabe uma vaga na Libertadores, ótimo. Só que não é o que está sendo falando. E o argentino tem o chato costume de saídas bruscas e traumáticas de clubes.
Ou seja, é uma contratação esquisita, que o torcedor do Atlético-MG pode ficar muito empolgado, mas com uma dúvida na cabeça: quanto vai durar?