
O Mundial de Clubes da FIFA como conhecemos hoje é um evento relativamente recente, já que a primeira edição foi no ano 2000. Além do mais, é um acontecimento esportivo um tanto quanto instável, levando em conta que entre a primeira edição, vencida pelo Corinthians, e a edição seguinte, vencida pelo São Paulo, são separadas por cinco anos.
Se formos falar das versões antigas de competições mundiais interclubes, teremos que voltar até 1887, quando um time escocês se proclamou campeão por ter vencido um time inglês numa competição entre os dois países – nem existiam clubes de futebol profissionais no Brasil naquela época, então vamos considerar penas as 15 competições que começaram em 2000, foram interrompidas até 2005 e seguem firme até hoje.

Nessas edições que citamos, apenas sul-americanos e europeus já se sagraram campeões. Dos clubes da América do Sul, todos os títulos são brasileiros, mas em 2018 um time argentino finalmente vai poder tentar quebrar o tabu. A última vez que nossos hermanos participaram do Mundial foi em 2015, torneio no qual o River Plate perdeu para o Barcelona por 3×0.
Nem precisamos falar quão controversa foi a decisão da Libertadores da América deste ano, de modo que a “tradição” de polêmicas dentro do contexto dos mundiais de clubes já está garantida por si só. O River Plate venceu seu maior rival, Boca Juniors, em dois jogos que aconteceram em continentes diferentes, numa situação que deu muito mais trabalho para advogados e cartolas dos clubes, da Conmebol e da FIFA do que efetivamente para os jogadores em campo, infelizmente.
De qualquer maneira, o River chegou ao mundial (em cima da hora, diga-se de passagem) e entra diretamente na fase semifinal, mesma situação do Real Madrid, atual campeão da Liga dos Campeões da Europa, que espera seu adversário há mais de seis meses. Times de outros continentes vão se juntar aos argentinos e espanhóis começando nesta quarta-feira (12), e vamos falar em detalhes sobretudo isso agora!
Os favoritos: Real Madrid e River Plate

A história não permite outra interpretação: europeus e sul-americanos são sempre os favoritos nas competições mundiais, sejam elas de clube ou de nações. Com o perdão de soar arrogante, mas 21 Copas do Mundo e 15 mundiais de clubes da era moderna vencidos exclusivamente por nações destes continentes não nos deixam mentir sobre a hegemonia.
O fato é que a própria FIFA deixa claro que o nível de futebol da Libertadores da América e da Liga dos Campeões da UEFA é tão mais alto que os outros que os campeões das respectivas competições já entram na fase semifinal do mundial de clubes, enquanto que os clubes de África, América do Norte, Ásia e Oceania têm que lutar entre si em jogos preliminares para chegarem lá.
Ressalte-se que é raríssimo uma final ser feita entre quaisquer outros times que não os da CONMEBOL e da UEFA e, quando acontece, é considerado uma bizarrice – vide as proezas de Internacional em 2010, Atlético-MG em 2013 e Atlético Nacional (CO) em 2016.
Como já falamos, o Real Madrid está tranquilo aguardando seu adversário nas semis desde o fim de maio. Mesmo sem a estrela Cristiano Ronaldo e vivendo fase turbulenta no Campeonato Espanhol, só alguém muito iludido para achar que os merengues não são favoritos ao tricampeonato mundial. Com o recém-eleito melhor do mundo Modric comandando o meio-campo e um elenco estrelado, qualquer um que pegar o Real deve ter sérios problemas – incluso o mais forte candidato a finalista com os espanhóis, o River Plate.

Lucas Vazquez e Gareth Bale são apenas dois dos grandes nomes do elenco do Real Madrid, que vai em busca do seu tricampeonato mundial
Em se tratando do River Plate, a primeira coisa que vem à cabeça é a forma como os argentinos chegaram onde chegaram este ano. Claro que o futebol apresentado pelos milionarios foi muito bom, senão não estariam onde estão, mas ninguém também vai conseguir esquecer não apenas da vergonha que foi o apedrejamento do ônibus do Boca Juniors no dia em que o segundo jogo da final deveria ter acontecido originalmente, no Monumental de Núñez, como dos diversos jogos polêmicos na trajetória do River ao longo da Libertadores.
O torcedor do Grêmio deve sentir calafrios só de ler o nome “Bressan”, mas a verdade é que o zagueiro até teve culpa em tocar a mão na bola, causar um pênalti e ser expulso no fim do jogo, mas não é 100% responsável pela eliminação – o gol de empate do River foi irregular. Só isso já seria uma mancha considerável na jornada dos milionarios até a taça, mas as cenas lamentáveis de violência e hooliganismo contra o elenco do Boca conseguiram ofuscar os erros da arbitragem no campo.

Com ou sem polêmica, a verdade é que o técnico Marcelo Gallardo montou um time a ser temido, desde o excelente goleiro Franco Armani, que parou o artilheiro Benedetto do Boca em momentos-chave, passando pelo meio-campo com Gonzalo Martínez e Exequiel Palacios e chegando ao velho conhecido dos brasileiros Lucas Pratto no ataque.
Os argentinos, portanto, são fortes candidatos a chegar na final, e a probabilidade de pegarem o Real Madrid no jogo decisivo é ainda maior – e honestamente, ninguém espera ver nada diferente no dia 22 de dezembro no estádio Sheikh Zayed, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Quem são os outros times no Mundial de Clubes da FIFA
Se você acha que o Mundial é disputado sempre entre o campeão da Libertadores e o da Champions League, saiba que não está sozinho – mas não é bem por aí. As outras confederações continentais de futebol também têm seus representantes no interclubes da FIFA, assim como o país-sede, e estes entram em fases preliminares.
Os dois primeiros times a se confrontar são o time-anfitrião – no caso, o campeão do campeonato nacional dos Emirados Árabes Unidos, o Al Ain – e o vencedor da Liga dos Campeões da Oceania. Desde que a Austrália se desligou da OFC (que é o órgão de futebol da Oceania) e passou a integrar a confederação da Ásia, os times da Nova Zelândia têm dominado com ampla vantagem. São 11 títulos da Copa dos Campeões da Oceania em 12 anos, com destaque para os absurdos oito títulos do Auckland City.

O Al Ain venceu a temporada 2017-18 da UAE Pro-League com folga, contando com o melhor ataque e a segunda melhor defesa da competição dos Emirados Árabes Unidos. O representante da OFC este ano, por sua vez, é o neozelandês Team Wellington, que massacrou todos os adversários e não perdeu um jogo sequer na sua trajetória. Teve até goleada de 11×0 contra um time da Papua-Nova Guiné.
Quem passar entre esses dois chega às quartas de final, onde o campeão africano, o tunisiano Espérance de Tunis, aguarda. Este clube do norte da África chegou ao título depois de vencer o tradicionalíssimo time egípcio Al-Ahly na final, e certamente não vai dar moleza para seja lá quem for enfrentá-lo. A esperança do Espérance de Tunis (perdoem o trocadilho) é ser o adversário do River Plate na semifinal.
Na outra chave das quartas, os campeões da Ásia e da América do Norte se enfrentam. Em 2018 eles são Kashima Antlers, do Japão, e Chivas Guadalajara, do México, respectivamente. O clube japonês deixou para trás todos os adversários asiáticos na AFC Champions League, ainda que aos trancos e barrancos, até vencer o Persepolis do Irã na final. Sem dúvidas que o mexicano Chivas é favorito nesse confronto, depois de ter enfrentando nomes fortes do futebol norte-americano como Seattle Sounders e New York Red Bulls até conseguir o caneco da CONCACAF na final contra o canadense Toronto.

O Real Madrid aguarda o vencedor da chave de Kashima e Chivas, enquanto que o River Plate terá pela frente o vencedor de Esperance de Túnis e o time que passar entre Al Ain e Team Wellington. É difícil esperar qualquer resultado que não seja uma final entre merengues e milionarios, mas tudo pode acontecer! Para o primeiro jogo, as odds de Betfair são 10,5 para 1 em caso de vitória do Team Wellington sobre o Al Ain.