
Em poucos dias Liverpool e Real Madrid disputarão o posto de campeão europeu, em Kiev. A decisão é marcada de história e de trajetórias diferentes de cada um. O slogan promovido pela UEFA “Road to Kiev” serve muito bem para mostrar como cada um precisou de um caminho distinto até estar a um passo da glória.
De um lado, o Real Madrid. Maior vencedor de todos os tempos com 12 troféus, atual bicampeão e tentando seu quarto título em cinco anos. Ninguém conhece a Liga dos Campeões como o time branco da Espanha. E depois de perder para o Tottenham em Londres, Marcelo disse “Não se trata de como começa, mas de como termina”.
A primeira metade da temporada não foi boa, mas assim que o ano virou, a fase do Real mudou junto. E muito por conta de Cristiano Ronaldo. O português marcou 16 vezes nos 21 jogos que disputou na temporada até o fim de 2017. Só não passava em branco na Liga dos Campeões onde terminou a primeira fase com nove gols marcados. Em 2018 são mais 22 jogos e 28 gols. Aos 33 anos segue contabilizando mais gols do que jogos. O português marcou três dos cinco gols de sua equipe no PSG, depois três dos quatro contra a Juventus. Só passou em branco nas semifinais contra o Bayern de Munique. O que eram dúvidas viraram certeza: na Champions League o Real Madrid nunca pode ser dado como morto.

Do outro lado, o Liverpool precisava vencer fantasmas do passado. Há 11 anos os Reds não chegavam à uma final e desde 2005 não levantam o troféu. No meio da temporada perderam seu camisa 10, Philippe Coutinho, que preferiu ir para o Barcelona, mas a impressão é que o time não sentiu falta.
Comandado por Jurgen Klopp e um trio de ataque irresistível com Mohamed Salah e Roberto Firmino com 10 gols cada e Sadio Mané com 9 o time vermelho se impôs sobre seus adversários como uma avalanche. O problema era (e continua sendo) a defesa inconstante. Os três atacantes, somados, compõem o ataque mais positivo do torneio.

Salah, no entanto, é a estrela da companhia. Chega com 44 gols em 51 jogos. Para se ter ideia de como as coisas mudaram para o egípcio, ele havia marcado um total de 43 gols nas três temporadas anteriores por Chelsea, Fiorentina e Roma. Foi comprado por 42 milhões de euros, cinco vezes menos que o PSG pagou por Neymar, quatro vezes menos o valor que o próprio Liverpool vendeu Coutinho ao Barcelona e custou quase a metade do que Morata e Lukaku para Chelsea e Manchester United.
Depois de marcar duas vezes e dar duas assistências na vitória por 5 a 2 sobre a Roma, Salah foi o tema da entrevista coletiva do técnico Jurgen Klopp. Perguntado se o camisa 11 é o melhor jogador do mundo nesta temporada, o treinador disse que ele tem feito coisas incríveis, mas que para ser o melhor do mundo é preciso manter regularidade. Se fossemos traçar gráficos, Cristiano se mantem com uma linha reta e alta há 10 anos, Salah tem uma ascensão que o faz chegar nesta linha, mas ainda não se estabilizou.
Enquanto “Mo” busca a glória pela primeira vez, CR7 está acostumado com o topo do mundo. Se ambos querem a Bola de Ouro em outubro, Kiev será palco não apenas de uma disputa coletiva entre Liverpool e Real Madrid, mas também uma disputa pessoal de ambos. Quem vencer tem grandes chances de levar o cobiçado prêmio. O Real Madrid renasceu na temporada quando Cristiano voltou à sua melhor forma. O Liverpool voltou à final europeia com um egípcio inspirado. O trono, no entanto, só tem lugar para um.