
Jogar uma prorrogação depois de 90 minutos de intensidade máxima é uma loucura. Jogar três partidas e três prorrogações – só os tempos extras somam um jogo a mais – e vencer todas, chegando à final da Copa do Mundo, beira a insanidade.
A Croácia fez história não só por chegar a sua primeira final de Copa do Mundo, 20 anos depois de ter chocado o mundo com o terceiro lugar na Copa da França. Mas também por seus jogadores de ferro, que não só disputaram mais um tempo extra nas semifinais, como ganharam definiram a partida sem precisar de pênaltis.
Vamos aos tópicos, já pensando na final definida da Copa do Mundo.
Inglaterra sai na frente e você sabe como
O treinador Gareth Southgate mais parece um treinador de basquete com seu arsenal de jogadas para achar espaços na bola parada. Dessa vez, a bola parada foi novamente vital, mas em uma falta cobrada com perfeição por Kieran Trippier, logo aos cinco minutos de jogo.
De volta às semifinais depois de 28 anos, a Inglaterra tinha uma vantagem que superava a do placar. Por ter um time jovem e uma certa aura de desmoronar em momentos importantes, sair à frente logo de cara é uma dádiva.
E a Croácia, com duas prorrogações na conta e mais duas disputas de pênaltis, e todo o desgaste emocional que isso traz, precisaria ter que correr atrás do prejuízo. Poucos acreditavam que seria possível fazer isso. A Inglaterra ainda teve o controle do jogo no primeiro tempo, mas o chute de Trippier foi o único no gol que os ingleses conseguiram. Não só nos 45 minutos finais; em todo o jogo.
A Croácia fez por merecer

No começo do segundo tempo os croatas dariam a mostra que seu físico é realmente de outro mundo. A seleção começou a atacar e em um cruzamento da direita, Ivan Perisic se antecipou a dois defensores para fazer um gol quase de karate.
No momento pareceu até que poderia ter acontecido um jogo perigoso, mas Walker se abaixou para tentar cabecear e Perisic foi mais esperto e rápido. Um a um no placar. E a Croácia não quis empurrar mais um jogo para a prorrogação, ameaçando o goleiro Pickford, especialmente em lance de Perisic chutando uma bola na trave com a perna esquerda.
Não teve jeito, a prorrogação veio.
O incrível aconteceu
Todos esperavam que a Inglaterra teria a bola e as chances de vencer no tempo extra pelo completo colapso físico que alguns croatas experimentavam. Ver o baixinho e raquítico Modric batalhando por ar gerava quase dó. E ele estava longe de ser o único a brigar com o corpo.
Mas o treinador Zlatko Dalic poupou todas suas substituições e começou a mexer no tempo extra. E isso deu um ânimo para o time, que continuou atacando.
A jogada do gol foi de certa forma um acaso: a bola cruzada da esquerda foi rebatida pela defesa. Mandzukic até se lamenta no momento do corte, mas logo levanta a cabeça e vê seu companheiro ganhar uma disputa de cabeça que serviu como passe. Trippier, que logo saiu machucado, não subiu junto e mesmo empurrando o croata, não evitou a assistência.
E o atacante da Juventus, com puro oportunismo, aproveitou a dormida completa do zagueiro Stones, passando por trás dele e chutando cruzado para o gol da vitória. A comemoração croata foi completa, junto à torcida e um pobre fotógrafo que foi atropelado pelo montinho de jogadores. Ele pode dizer que foi um croata na bagunça por alguns segundos.

O que esperar?
Obviamente vamos nos debruçar sobre a final da Copa do Mundo nos próximos dias, mas já antecipo que mesmo com três prorrogações na conta, essa Croácia não pode ser desconsiderada pelo aspecto físico. Jogar 90 minutos para esse caras parece um passeio pelo parque Ibirapuera no domingo para as pessoas comuns.
A Croácia vai enfrentar uma França superior, mesmo cenário que rolou em 1998, quando os donos da casa só venceram a nova nação à época com dois gols do defensor Lilian Thuram. O domingo com certeza será especial para todos que quiserem ver esse jogaço.