Liverpool campeão! Depois de 30 anos, o tão sonhado título inglês dos Reds

Aconteceu! Muitos de nós sequer éramos nascidos quando o Liverpool foi campeão pela última vez, na temporada 1989-90, mas esse tabu finalmente foi quebrado.

No momento em que o árbitro botou pontou final no clássico moderno entre Chelsea e a Manchester City, com vitória dos Blues, eliminando assim de vez as chances de os Citizens alcançarem o Liverpool, os Reds puderam finalmente soltar o grito de campeão preso na garganta há tanto tempo.

A seguir vamos, com bastante satisfação, relembrar como foi a fantástica temporada do Liverpool Football Club, fundado em 1892 e, em 2020, campeão da Inglaterra pela 19ª vez na sua história.

O começo que já prometia

Seria um erro dizer que essa temporada do Liverpool foi de excepcionalidade. A verdade é que, desde que Jürgen Klopp chegou a Anfield, em 2016, o sucesso era um projeto planejado com frieza e pensando em longo prazo – tanto que o técnico alemão pediu três temporadas para começar a ganhar títulos.

Disputar e ganhar títulos, aliás, foi algo que o Liverpool passou a levar muito a sério na fase Klopp. Em 2017-18, a grande final de Champions League contra o Real Madrid, mas uma amarga derrota. Ao invés de lamentar a chance perdida, o time investiu, trabalhou pesado e, como todos vimos, deu um show na edição 2018-19, faturando a orelhuda pela primeira vez em quase 15 anos.

O mesmo aconteceu com a Premier League. Desde a chegada do técnico, precisamos ressaltar, o Liverpool voltou a ser frequência na parte de cima da tabela, tanto que foi para a Champions League todas as vezes – mesmo que não tivesse sido vencedor da competição em si, aliás.

Em 2018-19, aliás, mesmo ocupado fazendo história na competição continental, o Liverpool se colocou no páreo do título inglês e levou o Manchester City de Pep Guardiola a fazer uma campanha épica para conseguir faturar o título – aliás, a campanha do Liverpool em si foi a melhor campanha de um vice-campeão de todos os tempos. Isso diz muito sobre o nível que havia sido estabelecido.

Era apenas uma questão de tempo para o jejum de três décadas chegar ao fim, bastava apenas as coisas se manterem como estavam. Mas elas não se mantiveram; elas evoluíram.

Um elenco de campeão

Campeão do mundo FIFA, Van Dijk agora pode colocar no seu currículo também, orgulhosamente, uma Premier League com o Liverpool

Ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos anos, com o Liverpool trazendo pelo menos alguns astros para o time a cada temporada, vide Alisson, Salah e Mané, em 2019-20 o mercado dos Reds foi bem sossegado, quase passando em branco.

Vieram Minamino compor elenco e Adrián ser goleiro reserva, e só. Entre as saídas, apenas jogadores cujo ciclo estava claramente terminado, ou seja, atletas subaproveitados como Clyne, Bogdán, Moreno e Sturridge.

A grande cartada do Liverpool, na verdade, foi a manutenção. Quando você tem um time campeão da UEFA Champions League e com a melhor campeão de vice-campeão da história do seu campeonato nacional, o segredo é manter suas peças e explorá-las ao máximo, e isso os Reds fizeram com maestria.

O que jogadores como Van Dijk, Alexander-Arnold, Robertson e Wijnaldum haviam feito com excelência em aparições de gala na temporada anterior se tornou rotina, e foi assim que o Liverpool se tornou uma máquina de vencer. Além disso, talvez o grande símbolo do time seja o veterano meia Jordan Henderson, o jogador que melhor encarnava o espírito de Klopp dentro de campo.

O domínio

A temporada começou com um pequeno tropeço, o da final da Community Shield contra o rival Manchester City, que faturou o título após vencer nos pênaltis por 5×4. Dali em diante, porém, a temporada do Liverpool foi daquelas para entrar para a história.

10 dias depois de perder para o City, os Reds foram jogar contra o também rival Chelsea, dessa vez pela Supercopa da UEFA, e dessa vez o final foi feliz: vitória nos pênaltis e primeiro troféu do ano, para começar com o pé-direito.

A Premier League, iniciada em agosto de 2019, viu um domínio assustador do time do Liverpool, que começou a temporada com oito vitórias consecutivas, incluindo aí jogos contra Arsenal, Chelsea e Leicester.

Em seguida o arquirrival Manchester United arrancou um pontinho dos Reds num empate com 1×1, mas isso só serviu para fazer o sangue nos olhos dos Reds, que emendaram então absurdas 15 vitórias consecutivas, dessa vez batendo Tottenham (duas vezes), o rival local Everton, Manchester City, Manchester United e novamente o Leicester.

Só nesse período da Premier League, ou seja, até a rodada 26, foram 79 pontos. Para se ter ideia, os Reds só não foram líderes na primeira rodada. Da segunda em diante e, garantidamente agora até o final da temporada, primeiríssimo lugar.

O time sequer teve o melhor ataque – isso coube ao City, ao menos até agora, mas é uma característica notável do duelo Klopp x Guardiola. O espanhol gosta do jogo bonito, vistoso e que, em geral, tende e acabar em goleadas a seu favor quando o esquema dá certo.

Já o alemão é pura objetividade: poucos toques, passes objetivos e rápidos, pressão no adversário e eficiência na frente do gol, mesmo que não surjam tantas oportunidades, além de uma solidez defensiva quase impenetrável.

Dolorosa pausa e pequenos deslizes

Chegou um momento em que o domínio do Liverpool era tão imperioso e aparentemente interminável que os torcedores, jornalistas e membros das equipes começaram a pensar não quando viria o título, que parecia garantido há meses e meses, mas se os Reds iriam quebrar recordes de invencibilidade.

Os números principais a serem batidos eram ambos do Arsenal: número consecutivo de jogos invicto (49) e passar uma temporada inteira invicto na Premier League (2003-04). Até a rodada 28 isso era bem possível, com o Liverpool acumulando 44 jogos sem perder, porém, aconteceu uma fatalidade chamada Watford.

Os Hornets, que ainda lutam contra o rebaixamento, aliás, receberam o Liverpool no Vicarage Road e, como quem não queria nada, venceu os Reds por 3×0, e com autoridade, rendendo inclusive elogios do próprio Jürgen Klopp. Esse tropeço aconteceu no dia 29 de fevereiro.

Poucos dias depois, o Liverpool amargou sua pior fase na temporada, sendo eliminado da FA Cup e também da UEFA Champions League. No começo de março, enfim, tudo foi paralisado por conta da pandemia da COVID-19, sem previsão de retorno.

Foi um balde de água gelada no torcedor de todas as equipes, mas especial nos Reds, que viram suas chances de finalmente sair da fila do título seriamente prejudicadas. Podia muito bem ser que o adiamento virasse cancelamento da temporada.

O retorno, o título e a glória

A dupla Henderson/Klopp se completou de maneira espetacular na realção campo e extracampo.

Quiseram os deuses do futebol, porém, que as coisas seguissem outro rumo. Independentemente de opiniões pessoais, a FA (Federação Inglesa de Futebol) determinou o retorno às atividades, e o Liverpool voltou com sangue nos olhos.

Antes mesmo da pausa no campeonato, os Reds venceram o Bournemouth, mas ninguém sabia o que viria por aí. No grande retorno, então, o time ficou apenas num empate com o rival Everton, em 0x0, mas fez bonito contra o Crystal Palace, batendo a equipe londrina por 4×0. O título estava a um empate do Manchester City de distância. Os Citizens, como dissemos, perderam para o Chelsea, e o título finalmente chegou em Anfield.

A campanha do Liverpool é histórica, o título é histórico e o elenco é histórico. O que Jürgen Klopp e jogadores como Alisson, Alexander-Arnold, Van Dijk, Joe Gomez, Robertson, Wijnaldum, Henderson, Fabinho, Salah, Mané, Firmino e tantos outros fizeram nunca será apagado.

Comentários do Facebook