O futebol está parado e sem previsão de voltar tão cedo, então nos resta continua olhando para trás e sentindo ainda mais falta de 22 caras correndo atrás de uma bola.
Na verdade, no nosso especial de hoje, não vamos falar dos que correm, mas do que fazem correr; os que berram e gesticulam da beira do campo – com vocês, os 10 maiores treinadores do século XXI. Claro, dos 20 anos que tivemos até agora.
Nem precisamos dizer que vai haver discórdia, vai haver revolta e nem entre nós mesmos da equipe de redação concordamos em tudo – é um artigo opinativo, querendo ou não. Assim, nada melhor do que deixar nos comentários o que você concorda, o que discorda, quem faltou e quem está sobrando aí.
10. Diego Simeone
Nosso décimo lugar já foi motivo de briga entre os redatores, mas ei-lo aí: Diego Simeone, um dos mais longevos da atualidade no mesmo clube – estamos falando do técnico do Atlético de Madrid desde 2011. Talvez não pareça, mas isso faz muito tempo.
Os grandes méritos do argentino, que desbancou Felipão, Marcello Lippi e outros campeões mundiais do top 10, é conseguir ser longevo e competitivo num campeonato que tem dois dos melhores times do mundo e não apenas fazer frente, como eventualmente derrotá-los.
Faltou o título de Champions League, que bateu na trave duas vezes, Simeone é bicampeão da Europa League e ainda faturou um Campeonato Espanhol na sua era mais competitiva. Jovem, o argentino ainda tem muita lenha para queimar e subir mais ainda num ranking futuro.
9. Jupp Heynckes
Já aposentado, Jupp Henyckes é aqueles que vai ter muito o que contar para os netos quando o assunto for “no meu tempo”. Os méritos do treinador alemão começam ainda nos anos 90, quando ele levou duas Bundesligas com o Bayern e uma Champions com o Real Madrid, mas aqui estamos focando apenas de 2000 para frente.
Assim sendo, a primeira glória a se colocar é o double Champions + Alemão na temporada 2012-13, quando o Bayern de Munique estava voando. No ano anterior o time já havia sido vice-campeão, tendo perdido para o Chelsea, mas em 2013 o rival Borussia Dortmund não foi capaz de segurar os bávaros.
O técnico ainda ganharia uma Copa da Alemanha e outra Bundesliga nos anos seguintes, na sua quarta e última passagem pelo clube. É um dos gigantes entre treinadores não apenas do Bayern, mas de toda a Alemanha e, por que não, do mundo.
8. Vicente del Bosque
Meio esquecido nas listas dos melhores, Vicente del Bosque é aqueles caras que se contentam em fazer um bom trabalho do banco sem chamar muita atenção. Tendo jogado unicamente pelo Real Madrid (fora alguns empréstimos e nas categorias de base) e treinado apenas os Merengues e a Seleção da Espanha, o treinador aposentado é um verdadeiro herói no seu país.
Depois de voar com o time dentro de campo, o Marquês del Bosque (pois é, título de realeza oficial), o treinador passou a ser técnico, com destaque especial para o início da era dos Galácticos, entre 1999 e 2004. Esse período trouxe simplesmente dois títulos de La Liga e outros dois de Liga dos Campeões.
Se faltava alguma coisa, então, ela veio em 2010, quando del Bosque se tornou o treinador do primeiro título mundial da Seleção da Espanha. Com a conquista também da Euro 2012, ele se tornou (e permanece até hoje) o único técnico que já ganhou Champions, Copa do Mundo e Eurocopa. Tá bom ou quer mais?
7. Zinedine Zidane
Ser um dos maiores e mais importantes jogadores de todos os tempos parece não ter sido o suficiente para Zinedine Zidane, campeão mundial com a França em 1998 e vice em 2006, depois de um episódio que ofuscou um pouco sua carreira brilhante – a famosa cabeçada em Materazzi.
Aposentado dos campos, Zizou aparece como treinador da base do Real Madrid como quem não quer nada. De repente, com o cargo vago em 2016, ele assumiu o time principal e dali em diante foi pura glória, começando com uma Champions League na primeira temporada, seguida por mais duas, só de brincadeira, parece, e um Campeonato Espanhol de brinde.
Zidane chegou a sair do Real, mas voltou pouco tempo depois, visto a bagunça que o time virou na sua ausência, e segue firme. Se o tricampeonato consecutivo da Liga dos Campeões (feito único na história) é pouco, o francês acumula recordes pessoais, como a maior sequência de invencibilidade do Real Madrid até hoje: 40 jogos seguidos sem perder.
6. Jürgen Klopp
Estamos falando dos grandes técnicos do século XXI, e é difícil fazer isso sem citar, em algum momento, aquele que é provavelmente o melhor técnico da atualidade e que treina o melhor time da atualidade: Jürgen Klopp, do Liverpool.
A carreira do alemão chama atenção não apenas pelas glórias, mas por estar sempre na ascendente, ao menos até a última eliminação do time na Champions, há algumas semanas. Desde o começo no pequeno Mainz 05, de onde passou de técnico a jogador quase que imediatamente, até chegar nos Reds, Klopp deixou sua marca por onde esteve.
Antes do Liverpool, o time que se tornou sinônimo de “Klopp-ball” era o Borussia Dortmund, clube com o qual o treinador chegou numa final de Champions e faturou duas Bundesligas, além de uma Copa da Alemanha.
Depois de um período sabático, veio o Liverpool propor o maior desafio da carreira dele: ganhar o tão sonhado Campeonato Inglês. Klopp pediu três temporadas para entregar troféus e, de fato, já venceu um Champions (tendo perdido a final da anterior) e, não fosse a paralisação pelo Covid-19, muito provavelmente já estaria se afogando em champanhe com os Reds.
5. Carlo Ancelotti
Falávamos até agora de Jürgen Klopp, um treinador que acabou de atingir seu ápice, e agora passamos para um que, ao que tudo indica, está na descendente – o que não tira o mérito da sua história plenamente gloriosa. Falamos do italiano Carlo Ancelotti.
Tendo começado sua carreira na Itália, ele obteve algum sucesso com a Juventus, mas foi no Milan, a partir de 2001, que Ancelotti se alçou ao nível dos gigantes do mundo – numa época em que o Milan ainda metia muito medo em qualquer um. Além de um Campeonato Italiano, o técnico levou a última Champions dos Rossoneros até hoje, em 2006-07.
Depois de conquistar o mundo com o Milan, Ancelotti foi se aventurar pela Europa, obtendo sucesso absoluto por todo lugar que passou. O primeiro time foi o Chelsea, recém-saído da sua primeira experiência com José Mourinho, com o qual o italiano faturou um double de Premier League + Copa da Inglaterra.
Um Campeonato Francês com o PSG e uma Bundesliga com o Bayern de Munique ficaram quase que ofuscados pelo desempenho grandioso do técnico no Real Madrid, com o qual Ancelotti faturou Copa do Rei, Liga dos Campeões e Mundial da FIFA em 2014, como se fosse fácil.
4. Arsène Wenger
Falar de técnicos lendários sem citar Arsène Wenger seria um pecado sem tamanho. Recém-aposentado, o francês saiu do Arsenal para entrar no panteão dos deuses da bola, sem sombra de dúvidas.
Aliás, Arsenal e Arsène, além dos nomes parecidos, viraram sinônimos um do outro entre 1996 e 2018, período no qual o francês comandou os Gunners, incluindo aí os períodos mais vitoriosos do time, notadamente entre 2001 e 2006.
Nesse breve período, o Arsenal chegou na sua única final de Liga dos Campeões da história (perdida para o Barcelona) e faturou duas vezes a Premier League, incluindo o famoso título invicto de 2003-04. O técnico também comandou o time na conquista de uma penca de FA Cups (seis apenas no século atual).
O que importa, no fim das contas, mais até do que os troféus, que foram menos do que poderiam ter sido pelo período, é o legado monstruoso deixado. Wenger revolucionou não só o Arsenal, mas o futebol moderno. Existem papos de que o clube londrino vai nomear seu estádio em homenagem ao francês em algum momento no futuro, e não seria injusto, seria?
3. José Mourinho
Abrindo nosso pódio está ninguém menos do que The Special One, atual técnico do Tottenham e provavelmente um dos mais famosos do mundo, José Mourinho. Se os anos 2000 tiveram um rei entre os treinadores, certamente a majestade foi do português.
O que impressionou logo de cara na carreira de Mou foi pegar um time bom, mas nada especial, e conquistar tudo com ele. Falamos, claro, do Porto entre 2002 e 2004, que levou para casa duas taças de Campeonato Português e uma inacreditável Champions League. Dali em diante Mourinho já era praticamente uma lenda.
O sucesso máximo veio, talvez, comandado o Chelsea, que perdeu sua única final de Champions League quando comandado pelo português, é verdade, mas faturou duas vezes a Premier League na primeira passagem. O time seguinte, Inter de Milão, viu Mourinho quebrar um jejum de quase 50 anos sem conquistar a Europa, e de brinde ainda ganhou duas vezes a Serie A.
Treinando o Real Madrid, Mourinho começou a ouvir suas primeiras críticas, mas ainda assim levou uma vez La Liga. De volta ao Chelsea, veio mais um Campeonato Inglês e uma FA Cup, mas as coisas não eram mais as mesmas. O tempo no Manchester United, então, acabou com elenco rachado e, embora o troféu da Europa League, brigas e amargor entre as partes.
Atual treinador dos Spurs, Mourinho segue ameaçado e pensando mais nos dias de glória do passado do que no futuro, talvez. O português, porém, provou tudo o que tinha para provar, mesmo que as coisas não voltem ao patamar onde um dia estiveram.
2. Pep Guardiola
Se Mourinho foi o rei da década de 2000, Pep Guardiola foi quem revolucionou o futebol na virada da década, levando o jeito bonito de jogar futebol de Arsène Wenger ao próximo patamar. Foi ali que nasceu o tiki-taka e todos os frutos que ele rendeu.
Surgido jovem no Barcelona, Guardiola logo ganhou respeito e admiração do mundo do futebol não só pelos três títulos de La Liga (consecutivos) e as duas Ligas dos Campeões, mas por apresentar ao mundo um jeito incrível de jogar futebol.
Podemos dizer tranquilamente que foi o treinador espanhol quem extraiu o máximo do talento de nomes como Xavi, Iniesta e, principalmente, Messi, que se transformaram em máquinas de futebol de qualidade e eficiência sob a batuta do técnico. O Barcelona daquela época, entre 2009 e 2011, era e permanece como um dos melhores times que vimos em campo.
O grande lance com Guardiola, porém, era não se dar por satisfeito na zona de conforto. Foi isso que levou o treinador a sair do Camp Nou e tentar novos desafios no Bayern de Munique, onde conquistou um Mundial da FIFA assim que chegou e mais três troféus de Bundesliga, entre outros.
O desafio atual é o Manchester City, que já ganhou a Premier League duas vezes com Pep e luta para faturar a primeira Champions da história do clube. Para essa temporada vai ficar difícil, com a paralisação e tudo mais, mas seria a assinatura timbrada e reconhecida em cartório do nível monstruoso do espanhol.
1. Sir Alex Ferguson
E no primeiríssimo lugar, como talvez tenha sido fácil adivinhar, está um dos técnicos mais longevos de todos os tempos. Sinônimo de Manchester United até hoje, medalha de ouro para Sir Alex Ferguson, primeiro e único.
Depois de décadas jogando e treinando em sua terra natal, a Escócia, Fergie assumiu o United em 1986 e só largou o osso em 2013. O que é mais incrível é notar como o time era outro antes, durante e depois dele, status que permanece até hoje, já que o United nunca mais foi campeão inglês ou da Champions League após a aposentadoria do treinador.
Como treinador, Ferguson foi responsável por 13 títulos do United – literalmente todos da era Premier League, sem contar duas Liga dos Campeões. A relevância de Ferguson ultrapassa décadas, fases e modas, de modo que o treinador foi não apenas relevante, mas protagonista por quase 30 anos.
Aposentado com merecidas glórias, Sir Alex Ferguson se tornou o nome de um dos stands do Old Trafford, cada do United e do treinador por tantas e tantas décadas. Regular, respeitado por rivais e amado por torcedores, Fergie é, na opinião deste que vos fala, o maior treinador do século, quiçá da história.