Ídolos que você não conhece: Matthias Sammer

Enquanto o mundo do futebol continua (mais ou menos) parado, estamos fazendo uma série de especiais. Já falamos sobre destaques e flops brasileiros em diversos campeonatos e sobre os efeitos da COVID-19 diretamente sobre o esporte.

No último final de semana o Campeonato Alemão retomo suas atividades, o primeiro dos grandes torneios do mundo a fazer isso. Pensando nisso, resolvemos falar sobre um dos grandes ídolos da história da Bundesliga e do esporte do país: Matthias Sammer, lenda viva do Borussia Dortmund e da esquecida Seleção da Alemanha Oriental.

Aproveite para dar uma olhada também nas outras matérias sobre os ídolos. Aqui você confere o que falamos sobre Kenny Dalglish, do Liverpool, e Ian Wright, do Arsenal.

O grande volante das Alemanhas

Ainda pela Seleção da Alemanha Oriental, Sammer era um garoto-prodígio – tanto que foi jogador na Seleção da Alemanha unificada depois

Matthias Sammer nasceu em 1967 na cidade de Dresden, então parte da Alemanha Oriental. Descoberto ainda criança pelo principal clube da cidade, o Dynamo Dresden, o jogador começou sua carreira lá com apenas 9 anos de idade nos times de base.

A partir da temporada 1985-86, quando seu pai era técnico do Dresden, o jogador viu sua primeira oportunidade de atuar no time principal, onde atuava como atacante. Depois de passar um tempo jogando como ala, Sammer se estabeleceu como meia, e ali começou a dar mostras de genialidade pra valer.

A carreira de Sammer no time alemão oriental seguiu firme até a reunificação das Alemanhas, em 1990, e incluiu aí dois títulos do campeonato nacional e uma campanha história na copa da UEFA (antiga Liga Europa), no qual ajudou o time a chegar até as semifinais, onde foi derrotado pelo Stuttgart, da Alemanha Ocidental – e que o contratou logo em seguida.

Pela Seleção da Alemanha, vale dizer, ele jogou em todos os níveis possíveis e fez gol inclusive na França nas Eliminatórias para a Euro de 1988, mas sua carreira acabou sendo breve defendendo o país.

Carreira pós-unificação: auge e glória

Sammer faturou a Bola de Ouro de 1996, mas nem todo mundo sabe ou lembra disso

Apenas meses depois de se sagrar campeã do mundo de futebol pela terceira vez, a Alemanha Ocidental deixou de existir e, reunificada com sua irmã Oriental, voltou a ser a única Alemanha que existe.

Isso implicou aos clubes da antiga parte comunista do país competir com a Bundesliga, bem mais avançada em termos técnicos, mas também aos jogadores tentarem chegar ao nível dos agora compatriotas do lado ocidental.

Sammer foi um desses, e sua convocação para a Seleção Alemã ainda em 1990, meses depois do título mundial, para jogar ao lado do time que era praticamente o mesmo que venceu a Copa da Itália, mostra bem o nível do cara que estamos falando.

Foi justamente na década de 1990 que o atleta conheceu seu auge e, efetivamente, se tornou um ídolo. O primeiro clube foi o Suttgart, como citamos, pelo qual Sammer jogou a última temporada da Alemanha Ocidental e a primeira da Bundesliga unificada, a qual venceu, em 1991.

Logo em seguida, em 1992-93, o jogador foi se arriscar na Itália, especificamente na Inter de Milão, onde embora tenha jogado bem e marcado gols a rodo, não se adaptou e acabou voltando à Alemanha, para jogar no Borussia Dortmund, o grande passo da sua carreira.

A carreira no Dortmund não foi exatamente longa, durando de 1993 a 1998, mas certamente foi o auge de Sammer. Foi clube aurinegro que ele foi colocado para jogar definitivamente como volante, e a adaptação não poderia ser melhor.

Se mostrando seguro na defesa e versátil para atacar, ele não apenas conquistou a titularidade no time, como logo virou peça essencial. Dois títulos consecutivos de Bundesliga em 1994-95 e 1995-96 não permitem mentir.

As performances eram tão exemplares que ele se tornou o primeiro jogador de defesa desde o compatriota Franz Beckenbauer a ganhar a Bola de Ouro – feito de 1996.  Para coroar de vez seu status de astro, veio o famoso título de Champions League do Borussia, em 1997, conquistado na final contra a Juventus.

O fim precoce e a vida que seguiu

Infelizmente, uma nuvem negra que pairou sobre a cabeça de Sammer por toda sua carreira foram as lesões, e foram elas as responsáveis pelo fim precoce de um grande jogador, que poderia muito bem ter jogado a Copa de 1998 (jogou a de 1994, porém).

A temporada seguinte ao título, 1997-98, só viu Sammer em campo em três jogos. Depois de uma séria lesão no joelho, da qual ele jamais se recuperou totalmente, o atleta de apenas 30 anos anunciou sua aposentadoria dos campos.

O ex-jogador mal teve tempo de mudar de ares e já estava empregado de novo no Borussia Dortmund, dessa vez como técnico, e faturou mais uma Bundesliga com o clube onde é ídolo, em 2001-02. O ciclo chegou ao fim em 2004 e o então treinador foi trabalhar no velho conhecido Stuttgart, onde não ficou muito tempo. Sua saída de lá em 2005 marcou também seu último trabalho como treinador.

De 2006 a 2016 Sammer passou ao posto de diretor de futebol, tendo trabalhado com a Seleção Alemã e o Bayern de Munique, onde implantou sua filosofia de jogo com tanto sucesso que todos creditam boa parte das glórias de ambas seleção e clube a ele – vide Copa de 2014 e o tanque de guerra de ganhar troféus que é o Bayern.

Aposentado de vez desde que teve um problema de saúde em 2016, Sammer divide o tempo entre a família e trabalhos esporádicos como consultor esportivo em canais de TV e no próprio Borussia Dortmund. Ele é lembrado mesmo, porém, como um dos maiores astros do time e talvez o melhor atleta que defendeu tanto a antiga Alemanha Oriental quanto o país reunificado.

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