Acabamos de ver o Liverpool fazer história, quebrar um tabu de 30 anos e, finalmente, se sagrar campeão da Premier League. Por outro lado, na rodada seguinte, o City deu uma surra nos campeões e carimbou a faixa de vencedores com um 4×0 contra bem difícil de engolir.
Enquanto os dois melhores clubes ingleses da atualidade dividem os holofotes, um outro protagonista dos últimos 15 anos, mas que anda meio sumido, reaparece dando seus pulinhos, que estão cada vez mais ousados. Estamos falando, claro, do Chelsea, que promete e muito para as próximas temporadas.
Punição da FIFA
Quando a temporada 2019-20 começou, o torcedor do Chelsea tinha toda a razão de sentir calafrios só de pensar no que viria pela frente. Pela primeira vez em duas décadas, o clube entrava na Premier League ciente de que dificilmente seria coadjuvante, e isso por vários motivos.
O primeiro de todos foi a perda do até então astro-mor e referência do time, Eden Hazard, vendido ao Real Madrid por cifras astronômicas. Em geral isso significaria reinvestir a fortuna em grandes atletas, como foi feito quando o mesmo Real Madrid levou embora o goleiro Curtois e os Blues pegaram os muitos milhões e trouxeram Kepa Arrizabalaga, mas não dessa vez.
Essa impossibilidade de contratações se deve, naturalmente, à punição que o Chelsea tomou da FIFA e que passou a valer justamente na temporada atual, já que o time desrespeitou certas regras na hora de contratar jovens de menos de 18 anos.
Frank Lampard faz milagres
O Chelsea vinha de maus momentos com Maurizio Sarri, com quem o time até ganhou a Europa League em cima do rival Arsenal, mas que não entregou o que se esperava nos Blues – convenhamos que os parâmetros são altíssimos em Stamford Bridge.
Para preencher o buraco enorme deixado pelo italiano e gerir uma potencial crise vinda de não poder contratar ninguém – afinal, o Chelsea, sendo um dos mais ricos da Inglaterra e da Europa, era sempre protagonista em qualquer janela de transferências – a ideia de Abramovich e dos outros cartolas foi cartada de mestre, embora jogada arriscada: trazer Frank Lampard.
O eterno ídolo do Chelsea, aposentado havia pouco tempo, estava começando a se estabelecer como técnico, mas impressionou todo mundo ao tirar leite de pedra com o humilde Derby County e levar o time aos play-offs da segundona inglesa, a Championship. O Derby bateu o tradicionalíssimo Leeds United na primeira fase, mas caiu perante o Aston Villa, que acabou subindo.
O desempenho de Lampard, porém, não passou batido, e o Chelsea arriscou tudo trazendo um ídolo para apaziguar os ânimos depois de dias difíceis que se arrastavam desde a saída conturbada de José Mourinho, em 2015, e problemas com os italianos Antonio Conte e o já citado Sarri. Ao mesmo tempo, Lampard havia trabalhado com molecada e recursos limitados no Derby, algo que o Chelsea se veria obrigado a fazer.
2019-20: temporada superando expectativas
Os Blues entraram desacreditados nos campos da Premier League em junho de 2019, com apenas Kovačić e Pulisic entrando no elenco por terem sido negociados antes da punição, e pela primeira vez desde fins de 2012 sem Hazard, seu grande craque. Em poucos meses, porém, o time começou a surpreender.
Enquanto todas as atenções se voltaram para o espetáculo em forma de time que era o Liverpool e se principal perseguidor, o multimilionário e igualmente impressionante Manchester City, o Chelsea começou a comer pelas beiradas e, atualmente, está em quarto e brigando pela terceira posição, que assegura uma vaga sossegada na UEFA Champions League.
Não bastasse, os Blues seguem vivos na atual Liga dos Campeões, embora tenham perdido feio para o Bayern no jogo de ida das oitavas de final, com placar de 3×0 contra em pleno Stamford Bridge.
Perspectivas de um futebol brilhante
Se dependendo apenas de Abraham, Hudson-Odoi e outros garotos o time vai muito bem, obrigado, imaginar as contratações da próxima janela, agora que a punição da FIFA chegou ao fim é animador para o torcedor.
Timo Werner veio do RB Leipzig e já fechou, seguido de perto pelo badalado Hakim Ziyech, que estava jogando demais no Ajax. Esses são apenas dois dos nomes de primeira importância que estão chegando, mas os Blues planejam mais, e isso fica mais fácil com o time garantido na próxima Champions.
É bem provável que haja uma renovação grande no elenco, já que os quatro jogadores mais velhos do time devem sair – Giroud, Pedro, Caballero e Willian (este último em situação especial, já que está jogando demais). Dois gigantes estão a caminho, devem vir outros, Lampard segue firme mesmo com alguns tropeços e, com dinheiro e motivação, os Blues podem ir longe em 2020-21. Olho neles.